GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO COMO REFLEXO DA SAÚDE FINANCEIRA DAS ORGANIZAÇÕES
MANAGEMENT OF GOVERNMENT CAPITAL AS A REFLECTION OF FINANCIAL HEALTH OF ORGANIZATIONS
RESUMO
A Ciência Contábil consagra-se como uma forma de unificação dos diversos tipos de controle patrimonial. Diante da maior relevância dada à contabilidade feita para atender a empresa, a contabilidade gerencial, cabe um novo olhar sobre esse ramo contábil. Constatando-se a importância da contabilidade gerencial e de seus estudos, faz-se importante um questionamento: A boa gestão sobre o capital de giro pode ser considerado um diferencial que marca as maiores empresas do ramo metalúrgico e siderúrgico do país? Esta pesquisa tem por objetivo diagnosticar essa informação apresentando, através de análises de indicadores empresariais, como é gerido o capital de giro das empresas objetos do estudo. Esta pesquisa tem o condão de trazer a discussão as importantes colaborações que a contabilidade gerencial concede, através especialmente de suas práticas dinâmicas e maleáveis, atendendo precipuamente aos anseios do administrador. O formato de pesquisa qualitativa usada na pesquisa foi o estudo de caso. Nesta pesquisa foram coletados os dados referentes ao período de 2010 a 2014. Para categorização dos resultados experimentados foram utilizados gráficos, tendo os dados sido tabulados na planilha eletrônica, dando suporte para a apresentação dos resultados do estudo aplicado. Ocasionalmente, as empresas estudadas situavam-se entre a situação razoável e satisfatória. Os resultados sugerem que a administração do capital de giro é marcada pela eficiência nas organizações estudadas, e sendo estas as três maiores do setor de siderurgia e metalurgia, podemos inferir que a administração do capital de giro é uma marca do diferencial empresarial das grandes entidades do setor.
Palavras-chaves: Capital de Giro, Economia, Indicadores.
ABSTRACT
Accounting Science is consecrated as a form of unification of the various types of patrimonial control. Given the greater importance given to the accounting made to attend the company, the managerial accounting, it is a new look on this accounting branch. Looking at the importance of managerial accounting and its studies, it is important to question: Does good management of working capital be considered a differential that marks the largest companies in the metallurgical and steel industry in the country? This research aims to diagnose this information by presenting, through analyzes of business indicators, how the working capital of the companies in the study is managed. This research has the potential to bring to the discussion the important collaborations that the managerial accounting grants, through especially its dynamic and malleable practices, attending to the administrator's expectations. The qualitative research format used in the research was the case study. In this research, the data for the period from 2010 to 2014 were collected. For categorization of the results, graphs were used, and data were tabulated in the spreadsheet, giving support to the presentation of the results of the applied study. Occasionally, the companies studied were between the reasonable and satisfactory situation. The results suggest that the working capital administration is marked by efficiency in the organizations studied, and these are the three largest in the steel and metallurgical sector, we can infer that the working capital administration is a mark of the business differential of the large entities of the sector.
Key-words: Working Capital. Economy. Indicators.
1 INTRODUÇÃO
A Ciência Contábil, especialmente no Brasil, consagra-se como uma forma de unificação dos diversos tipos de controle patrimonial no mundo, prova disso é a intensa convergência contábil presente no cenário nacional nos últimos anos, materializada pela edição das Leis 11.638/07 e 11.941/09.
A preocupação em convergir a critérios internacionais de avaliação de ativos e passivo dá conta de algo mais além da contabilidade legal, aquela direcionada aos órgãos regulamentadores, dá também importância às análises feitas através de índices, agora com a possibilidade de maximizar a amplitude de relevância, pois cria certo grau comparativo com outras entidades em várias partes do mundo.
Diante da relevância dada à a contabilidade gerencial cabe um novo olhar sobre esse ramo contábil, inicialmente apresentando uma definição, de certa forma, consagrada. Para Atkinson, et al. (2015), a contabilidade gerencial se aproxima demasiadamente da contabilidade financeira por apresentar similaridades quanto ao uso de informações financeiras para a elaboração de planos ligados às operações dos negócios. Para esses autores a contabilidade gerencial é o “processo de fornecer a gerentes e funcionários de uma organização informação relevante, financeiras e não financeiras, para tomada de decisões, alocação de recursos, monitoramento, avaliação e recompensa por desempenho”.
Corroborando com a opinião dos autores, é salutar complementar a definição com mais algumas considerações: a contabilidade gerencial não é fim em sim mesma, mas sim na demanda da alta gestão, servindo-lhes como clarificante, apresentando a situação passada, o retrato atual, permitindo o planejamento futuro. Ainda vale nota o fato da contabilidade gerencial ser dinâmica e estar em constante evolução, o que permite uma inovação continuada, sempre com vistas a atender a demanda dos administradores.
Portanto, é mister a compreensão quanto maior possível da contabilidade gerencial, de seu surgimento, de sua finalidade, bem como sua abordagem como instrumentos de planejamento, de auxílio à empresa na melhor gestão financeira e patrimonial, em especial a gestão de seu capital de giro. Consoante a esses entendimentos, está ainda a necessidade de demonstrar a importância da contabilidade gerencial na análise das demonstrações contábeis das maiores companhia siderúrgicas e metalúrgicas do Brasil, num certo espaço de tempo.
Consagrado autor brasileiro, Assaf Neto (2010) já afirmou que as aplicações de curto prazo devem ser financiadas pelas fontes de curto prazo, ou seja, o entendimento mais básico de equilíbrio deve ser buscado primordialmente na gestão de recursos, posto que toda aplicação no ativo deva ser financiada por recursos no passivo captados a um prazo proporcional. Dessa forma, é possível exprimir que o passivo circulante deve servir ao ativo circulante, em proporção que lhe aprouver, sem pôr a risco a saúde financeira da empresa, garantida pela correção na busca pela gestão do capital de giro.
Diante desse cenário, constatando-se a importância da contabilidade gerencial, faz-se importante um questionamento: A boa gestão sobre o capital de giro pode ser considerado um diferencial que marca as maiores empresas do ramo metalúrgico e siderúrgico do país?
Esta pesquisa tem por objetivo responder a presente questão apresentando, através de análises de indicadores empresariais, como é gerido o capital de giro das empresas objetos do estudo. Visando estabelecer um diagnóstico do conhecimento específico dessa área da contabilidade, será apresentada também importantes considerações sobre análise de demonstrações contábeis, em especial os pontos que serão tratados mais a frete, na apresentação dos caminhos metodológicos.
Esta pesquisa, por seu caráter a posteriori, tem o condão, ainda, de trazer à discussão as importantes colaborações que a contabilidade gerencial concede, através especialmente de suas práticas dinâmicas e maleáveis, atendendo precipuamente aos anseios do administrador.
Justifica-se esse trabalho pela importância de buscar evoluir os estudos relacionados à contabilidade gerencial, em especial aos estudos dos índices de análise empresarial, tanto vertical quanto horizontal. Continuamente, esse estudo tem sua importância e justificativa elevadas pelo peso econômico das empresas estudadas e sua significância no cenário nacional.
Este trabalho é composto de cinco capítulos, descritos a seguir: o primeiro é constituído pela introdução e justificativa do trabalho; o segundo constitui-se pelo embasamento teórico da contabilidade gerencial, sua definição, abrangência, características e objetivos, a apresentação de conceitos de análises de demonstrações contábeis, bem como informações gerais do setor empresarial estudado; O terceiro apresenta os caminhos metodológicos percorridos nesse estudo científico; o quarto apresenta o resultado da pesquisa e a análise dos dados; o quinto apresenta a conclusão.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A contabilidade gerencial apresenta um papel fundamental na gestão das empresas. Não é de hoje que esse ramo da ciência contábil demonstra sua relevância. É necessário, pois, apreciar importantes considerações a respeito do tema citado, desde seu surgimento até sua aplicação sobre o estudo proposto. Como parte desse trabalho, a evocação de importantes referenciais teóricos faz-se necessária à fim de apresentar conhecimentos já consolidados na área em conjunto com análises mais centradas no objeto de estudo aqui proposto.
Necessárias são também considerações a respeito das formas de análises de balanços, se verticais ou horizontais, assim como são importantes também as considerações mais específicas sobre o objeto central desse trabalho, seja esse a administração do capital de giro.
2.1 CONTABILIDADE GERENCIAL
Inicialmente, a contabilidade gerencial tratava de temas menos abrangentes como a simples mensuração do valor de um produto ou de um serviço, através da análise dos custos dos insumos envolvidos no processo produtivo, era inicialmente limitada a certa análise de custos. Contudo, quanto mais a necessidade de informações crescia, mais crescia também a complexidade das análises.
Em meados do século XIX, por demandas das revoluções industriais, as grandes empresas, a exemplo das companhias ferroviárias da época, empresas siderúrgicas, dente outras, passara a exigir informações cada vez mãos uteis, e essa dimensão de utilidade passava principalmente pelas relevância e tempestividade dessas informações. Esse período foi marcado por series de evoluções na mensuração de custos de produção e comercialização, visando a correta identificação do total de desembolso que era necessário para a unidade produzida, chegando assim a sua correta margem de contribuição desejada e consequentemente ao ideal preço de venda.
Em verdade, esses conceitos citados, bem como a noção de ponto de equilíbrio, ainda não havia atingido a maturidade dos tempos atuais, mesmo assim foram relevantes para a evolução do que viria a ser definido como contabilidade gerencial. Já em pleno século XX, a contabilidade gerencial ganhou corpo cada vez mais independente da contabilidade de custos, passando a representar um novo olhar sobre as mesmas informações que antes não tinham tanta relevância. Essa nova abordagem de analise já apresentava preocupações com itens que posteriormente evoluiriam ao que se conhece como índices de análise, verticais e horizontais.
O retorno sobre o investimento destacou-se como um dos primeiros índices tratados. Não chega a causar qualquer estranheza, posto que a administração sempre demandou informações como essa. Sendo a contabilidade a ciência que estuda e controla o patrimônio, já era tempo de criar formas de aplicar e demonstrar conceitos que se conhecem no senso comum como um bom ou mau negócio.
Contudo, a grande depressão de 1929, uma das maiores crises econômicas da história moderna, teve seu final marcado pela exigência de maior controle fiscal sobre as contabilidades das empresas. A partir daí, cresceu muito a preocupação com a geração de informações contábeis com o intuito de manter o governo informado sobre as condições de liquidez da empresas, e a contabilidade gerencial foi colocada de lado, assim. Cabe destacar uma característica da contabilidade gerencial: essa não é feita para atender ao fisco.
A contabilidade gerencial, como bem coloca diversos autores, inclusive os citados nesse trabalho, tem função precípua de atender as necessidades de informações para a tomada de decisões. Ou seja, as empresas confeccionam relatórios contábeis robustos e complexos por imposição legal e de outras normas aplicadas à área contábil, mas também elabora outros tantos relatórios com finalidade de fornecer informações aos seus gestores, sem preocupação com as formalidades legais, anteriormente citadas.
A contabilidade gerencial apenas voltou a ser relevante e a ter seu estudo evoluído em meados da década de 70. Esse período foi marcado pelo início de um processo que viria a ser conhecido como globalização. A forte competição internacional, a busca por fornecer produtos de maior qualidade e com preços mais acessíveis levou as empresas à necessidade de aprimorar seus processos, seus controles e suas estratégias de produção.
Ramo da ciência contábil que surge para atender ao administrador deve ser entendida, a contabilidade gerencial, de acordo com as demandas desses administradores. Esse caráter resolutivo da contabilidade gerencial lhe confere grande agilidade e uma maior maleabilidade, visto que ela é independente em relação às imposições legais dos órgãos governamentais e não carece de grandes conjunturas para sofrer evolução. A contabilidade gerencial é sim, e talvez mais que qualquer outra área contábil, aquela que mais auxilia a inovação empresarial e a tomada de decisões eficiente.
Demonstrando a importância do estudo da contabilidade gerencial, Matarazzo (2010) insiste que as demonstrações contábeis são elaboradas a partir de informações contábeis disponíveis, estáticas ou não, mas apenas retratando o que ocorreu. Já o analista de demonstrações contábeis tem sob suas competências a capacidade de verificar as demonstrações postas e, a partir das técnicas corretas, extrair importantes considerações que devam ser lavadas ao conhecimento dos administradores. Assim, o autor citado reverbera o que outros autores anteriores consagraram: a contabilidade gerencial é o fundamental ramo da ciência contábil gerador de informações para a tomada de decisões, atende aos usuários, mas sobretudo àqueles que tem o poder decisório. Ademais, Diniz, Martins e Miranda (2013) afirmam as limitações existentes na contabilidade até então, pois essa sempre apresentara de maneira mais simplificada um fato que é por deveras mais complexo e interligado a outros, faltando sempre mais informações para compreender o fato completamente ocorrido.
2.2 ANÁLISES DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
De grande importância para a contabilidade gerencial, a análise de demonstrações contábeis, ou simplesmente análise de balanços, é uma das quatro técnicas da ciência contábil. A terminologia foi atualizada, pois a técnica inicialmente chamada de “análise de balanços” não se limitava apenas a analisar os balanços patrimoniais, mas também todas as demonstrações contábeis realizadas.
Vale muito destacar que a “análise de demonstrações contábeis”, assim como a própria contabilidade gerencial, não tem grande função para fora da empresa, assim como toda a contabilidade gerencial, a análise de demonstrações contábeis tem sua finalidade para dentro da empresa, para seus gestores e colaboradores. Essa técnica não tem fundamentação legal nem normativa nacional ou internacional, e tudo que foi, e ainda é, desenvolvido na área leva em consideração os critérios normalmente aceitos pelos profissionais contadores.
A análise de demonstrações contábeis visa, na visão de Matarazzo (2010), uma série de informações que, se ordenadas de maneira específica e convertidas em índices, podem auxiliar à tomada de decisões das empresas, pois apresentam perspectivas novas e não verificáveis pelas demais técnicas contábeis. Como já tratado em parágrafos anteriores, Montoto (2014) reafirma que a análise de balanços é uma técnica, e portanto não tem por base nenhuma lei ou norma contábil nacional ou internacional.
A contabilidade gerencial e, em especial, a técnica de análise de balanços, é fundada especialmente em procedimentos e regulações normalmente aceitas pelos profissionais da contabilidade, bem como por seus usuários. Embora possua essa característica, desvinculada de Leis e normas, a análise de balanços somente tem significado objetivo se for elaborada a partir da demonstrações elaboradas em concordância com as normas e Leis, ou seja, o caráter legal que não atinge a contabilidade gerencial, atinge os documentos sobre os quais se debruçam as diversas análises e considerações daquela técnica contábil.
A despeito das posições adotadas sobre a importância da análise de demonstrações contábeis, Diniz, Martins e Miranda (2013) afirmam outra dimensão amparada por essa técnica contábil, que é a dimensão externa, representada pelos investidores, credores e financiadores de empréstimos, além daqueles que compõem a dimensão interna, essa representada pela diretoria, conselho de administração e gerentes.
As informações surgidas a partir da análise de demonstrações contábeis são de suma importância à dimensão interna (administração da entidade), mas não pode desconsiderar aos demais usuários da dimensão externa (investidores, credores e governo, por exemplo).
A análise de balanços, como também é tratada a análise de demonstrações contábeis, é tradicionalmente realizada através de indicadores, índices ou quocientes. Esses quocientes são obtidos quando comparados contas ou grupos de contas contábeis, e podem representar uma série de informações como liquidez, rentabilidade ou até mesmo a situação de endividamento.
Nesse cenário de construção de índices e quocientes, estudiosos de mercado e até mesmo acadêmicos das finanças elaboram novas formas de representar a situação real e pontual das organizações sob os mais diversos aspectos. Montoto (2014, p. 930) corrobora com essa informação quando afirma que “mais recentemente, foram desenvolvidos por profissionais e educadores do mercado indicadores como Necessidade de Capital de Giro, Efeito Tesoura e outros”. Todos esses indicadores tem a função precípua de atender aos anseios da administração em saber a situação da entidade frente às concorrentes, e até mesmo sua situação atual em comparação a situação passada, tudo com vistas a melhorias futuras.
Dois grandes grupos de análises são considerados quando se fala em analises de demonstrações contábeis: Análises Horizontais e Análises Verticais. A partir dessas análises é possível verificar cada um dos grupos de contas, em relação a outros grupos de contas no mesmo exercício ou em relação a valores contabilizados em exercícios distintos. Tudo feito através de análises matemáticas, porcentagens e inclusive regras de três simples.
Sem ter a intenção de valorar uma mais que outra, Iudícibus (2009) afirma que a análise horizontal deve ser aliada a análise vertical, posto que o analista de demonstrações contábeis não deve apenas verificar a evolução das contas ao longo do tempo sem considerar também suas grandezas frente às demais contas do mesmo grupo ou da demonstração por completo.
2.2.1 Análises Horizontais
É o tipo de análise que leva em consideração a evolução de itens patrimoniais ou de resultado ao longo dos anos, ou seja, são utilizadas informações de vários exercícios seguidos para obter melhor grau de comparação. Diniz, Martins e Miranda (2013) afirmam que esse tipo de análise é primordialmente temporal e permite a verificação de evolução história de um índice ou indicador. Contudo, deve-se estabelecer inicialmente uma data base, normalmente a mais antiga analisada, constituindo-se concomitantemente um valor de referência que servirá de base às análises, tanto índices percentuais quanto de simples indicadores.
Segundo Montoto (2014), essa análise pode ser realizada de forma nominal ou real. A análise nominal é aquela realizada sem levar em consideração a variação dos preços do mercado representados pela inflação. Já a análise real é construída considerando-se o índice de inflação do mesmo período analisado, a fim de dar mais fidedignidade ao indicador, representando assim seu resultado sob influências da economia.
2.2.2 Análises Verticais
Já as análises verticais se valem das informações de um único exercício, e apesar de envolver cálculos semelhantes aos das análises horizontais, estas não se confundem com aquelas. Segundo Diniz, Martins e Miranda (2013), as análises verticais servem para verificar a variação de uma conta em relação à outra conta, que servirá como base, no mesmo período.
Realiza-se a análise vertical através do estabelecimento de índices percentuais ou indicadores extraídos da comparação de itens de uma mesma demonstração. Esses índices e indicadores podem ser comparados entre si ao longo do tempo, ou mesmo com os de outras empresas, conseguindo assim uma visão ampliada de análise de investimentos, por exemplo. A representatividade que esse tipo de análise estabelece pode ser aplicada de diversas formas, isso porque se podem construir diversos, a depender do que se deseja comparar.
Considerando Montoto (2014), as análises verticais servem para comparar o tamanho, relevância ou importância de algumas contas frente a outras, ou mesmo a importância de uma conta frente a um grupo de contas. As análises verticais podem ser realizadas entre itens do ativo, passivo ou mesmo patrimônio líquido, quando a demonstração analisada é o balanço patrimonial. Contudo, assim como a análise horizontal, a análise vertical também pode ser feita em itens da demonstração do resultado do exercício, quando os indicadores podem ser construídos a partir de contas de resultado.
2.3 ADMINISRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
A administração do capital de giro passa especialmente pela análise de três indicadores, quais sejam: Capital Circulante Líquido (CCL), Necessidade de Capital de Giro (NCG) e Saldo em Tesouraria (ST).
- Capital Circulante Líquido (CCL)
Também conhecido como Capital de Giro Líquido (CGL), esse conceito de contabilidade gerencial, apresentado com frequência em análises de balanços, representa o valor do Ativo Circulante (AC) subtraído do Passivo Circulante (PC).
Diniz, Martins e Miranda (2013), afirmam que apesar de simples o conceito de capital circulante líquido é de grande importância para a administração da empresa. Conforme afirmado anteriormente por Assaf Neto (2010), é de suma importância verificar qual o potencial da empresa em se financiar, ou seja, quão boa é a gestão dos recursos a fim de não se tornar dependente de financiamentos no mercado, que oneram as atividades operacionais através do pagamento de juros e encargos.
A título de exemplificar a simplicidade e importância do tema tratado, conjuga-se a seguir os ensinamentos de Assaf Neto (2010) e o esquema proposto por Montoto (2014), para solucionar o caso prático, com seguintes valores para os itens dos ativo e passivo circulantes:
QUADRO 1 – Dados para exemplificação das analises de demonstrações contábeis.
ATIVO CIRCULANTE |
PASSIVO CIRCULANTE |
Caixa 500 |
Fornecedores 500 |
Banco 10.000 |
Duplicatas a pagar 1.000 |
Duplicatas a receber 7.000 |
Salários a pagar 1.000 |
Mercadorias 8.000 |
Impostos a pagar 2.500 |
Títulos a receber (venda de imobilizado) 9.000 |
Empréstimos 3.500 |
|
Duplicatas descontadas 2.000 |
Fonte: Adaptado de Montoto (2014).
No exemplo apresentado, pode-se rapidamente chegar ao valor do indicador Capital Circulante Líquido (CCL) resolvendo a seguinte subtração: Ativo Circulante – Passivo Circulante, de resultado igual a R$ 24.000.
Sendo positivo o valor encontrado, pode-se concluir que a empresa tem mais recursos aplicados que fontes de financiamentos, o que é o desejado. Vale destacar que como as contas analisadas são as do ativo circulante o que constata é a gestão do capital de curto prazo. O que resta verificar é a constatação de que se não é o ativo circulante que financia todo ativo circulante, no exemplo, outro grupo de contas o está fazendo, quer seja o passivo não circulante quer seja o patrimônio líquido.
- Necessidade de Capital de Giro (NCG)
Para iniciar o estudo sobre Necessidade De Capital de Giro (NCG) é preciso compreender que se trata de um tipo de análise vertical, ou seja, serão analisados itens dentro de um mesmo exercício financeiro, ou seja, cada balanço patrimonial será capaz de apresentar um indicador de NCG. Ainda é preciso compreender que existem itens que se relacionam diretamente com as atividades da empresa e outros que são itens eminentemente financeiros, bem como compreender que a elaboração da NCG é realizada nos grupos de contas circulantes, tanto do ativo quanto do passivo.
As contas caixa e bancos, por exemplo, são representações financeiras do patrimônio, sem relação direta com os negócios, por isso são consideradas não operacionais e não são consideradas na construção da NCG, assim como as contas de empréstimos, pois essas contas apenas existem para demonstrar que a administração não está conseguindo se autofinanciar.
Contudo, as contas estoque, clientes, fornecedores e salários a pagar, por exemplo, guardam estreita relação com as atividades da empresa, consideradas contas operacionais ou cíclicas. Essas contas são de suma importância para elaboração da NCG. Após identificar as contas operacionais, tanto do ativo circulante quanto do passivo circulante, pode-se facilmente encontrar o valor da necessidade de capital de giro. Observando o exemplo anterior, baseado em estudos de Montoto (2014), podemos destacar as contas que compõem o grupo de contas conhecidas como operacionais, ou seja, aquelas contas que possuem relação estreita com as atividades da entidade. Dessa forma, podemos destacar as seguintes contas:
QUADRO 2 – Dados para exemplificação das analises de demonstrações contábeis.
ATIVO CIRCULANTE |
PASSIVO CIRCULANTE |
Caixa 500 |
Fornecedores 500 |
Banco 10.000 |
Duplicatas a pagar 1.000 |
Duplicatas a receber 7.000 |
Salários a pagar 1.000 |
Mercadorias 8.000 |
Impostos a pagar 2.500 |
Títulos a receber (venda de imobilizado) 9.000 |
Empréstimos 3.500 |
|
Duplicatas descontadas 2.000 |
Fonte: Adaptado de Montoto (2014).
Dessa forma, pode-se encontrar o valor do indicador Necessidade de Capital de Giro através da seguinte operação: Ativo Circulante Operacional – Passivo Circulante Operacional, de resultado igual a R$ 10.000.
Anteriormente aos conceitos propostos pelo autor que supracitado, o tema tratado já havia sido considerado por Diniz, Martins e Miranda (2013), e os mesmos afirmaram a importância de se estudar os elementos que compunham o ativo circulante e o passivo circulante, diferenciar os elementos de natureza operacional dos de natureza financeira, ou seja, distinguir aqueles que tem características permanentes (cíclicos) daqueles que possuem características meramente financeiras, dotados de sazonalidade (não cíclicos). Tal diferenciação é imprescindível para que se poda constatar qual o grau da necessidade do capital de giro e como essa está sendo financiada.
Vale por fim destacar que o indicador será satisfatório quando a necessidade de capital de giro for negativa, é insatisfatório quando a situação contrária se verificar.
- Saldo em Tesouraria (ST)
Ainda observado o que pode ser construído quando se analisa a diferenciação entre componentes operacionais e financeiros, a extração do valor do saldo em tesouraria – conceito que não se confunde com conta do patrimônio líquido de mesmo nome – é obtido através de ativo circulante financeiro diminuído do passivo circulante financeiro.
O aspecto financeiro desse tipo de verificação tem o condão se ser justificativa para o caráter de evidenciação de liquidez de curtíssimo prazo sobre administração do capital de giro. Esse indicador evidencia, quando positivo, que a empresa goza de boa situação financeira, e se negativo, evidencia dificuldades financeiras eminentes, ou atuais, principalmente se a situação se mantem com frequência.
Mantendo o paralelismo das exemplificações que foram feitas até então, e ainda debruçando-se sobre os estudos de Montoto (2014), em seguida é possível encontrar a demonstração de como se pode encontrar o ST a partir das contas de ativo e passivo circulantes financeiros.
QUADRO 3 – Dados para exemplificação das analises de demonstrações contábeis.
ATIVO CIRCULANTE |
PASSIVO CIRCULANTE |
Caixa 500 |
Fornecedores 500 |
Banco 10.000 |
Duplicatas a pagar 1.000 |
Duplicatas a receber 7.000 |
Salários a pagar 1.000 |
Mercadorias 8.000 |
Impostos a pagar 2.500 |
Títulos a receber (venda de imobilizado) 9.000 |
Empréstimos 3.500 |
|
Duplicatas descontadas 2.000 |
Fonte: Adaptado de Montoto (2014).
Destacadas as contas financeiras, ou seja, aquelas que guardam estrita relação com o financiamento das atividades de organização pode-se encontrar o valor do saldo em tesouraria a partir da seguinte operação: Ativo Circulante Financeiro – Passivo Circulante Financeiro, de resultado igual a R$ 14.000.
De acordo com as conclusões inferidas da tabela, podemos estabelecer uma relação que até então não havia sido suscitada. A relação é a entre os próprios indicadores, da seguinte forma: saldo em tesouraria é igual a diferença entre o capital circulante líquido e a necessidade de capital de giro.
Continuando as considerações sobre os estudos de Braga e Marques (1995), será apresentada uma tabela que servirá ao propósito desse trabalho. Os autores supracitados elaboraram uma forma de analisar a situação da administração do capital de giro da empresa considerando conjuntamente os indicadores estudados até aqui.
Verifique-se a tabela a seguir:
TABELA 1 – Escala de análise de situação da administração do capital de giro
GRUPO |
CCL |
NCG |
ST |
SITUAÇÃO |
01 |
POSITIVO |
NEGATIVO |
POSITIVO |
EXCELENTE |
02 |
POSITIVO |
POSITIVO |
POSITIVO |
SATISFATÓRIA |
03 |
POSITIVO |
POSITIVO |
NEGATIVO |
RAZOÁVEL |
04 |
NEGATIVO |
POSITIVO |
NEGATIVO |
INSATISFATÓRIA |
05 |
NEGATIVO |
NEGATIVO |
POSITIVO |
RUIM |
06 |
NEGATIVO |
NEGATIVO |
NEGATIVO |
PÉSSIMA |
Fonte: elaborada pelo autor, baseada em estudos de Braga e Marques (1995).
A seguir, serão tratados os caminhos metodológicos desse trabalho científico. O referencial teórico apresentado até o presente parágrafo, em especial os últimos, serão de suma importância para a consecução dos objetivos propostos.
3 – CAMINHOS METODOLOGICOS
A pesquisa qualitativa é, na concepção de o Lüdke e André (1986), a interpretação de um contexto, que visa à descoberta. O formato de pesquisa qualitativa utilizada foi o estudo de caso. Sobre o estudo de caso, os citados acima fazem algumas valiosas considerações: buscam retratar a realidade de forma completa e profunda, apresentam os diferentes e as vezes conflitantes pontos de vista numa situação social e, por fim, utilizam uma linguagem mais acessível que outros formatos de pesquisa.
Na coleta dos dados primários foram utilizados livros, artigos, revistas, documentos eletrônicos e periódicos. No processo de análise dos resultados da pesquisa, os vários conceitos dispostos, no referencial teórico foram utilizados para formulação das considerações relevantes, constituindo dessa forma as referências empíricas.
Conforme Gil (2009, p. 45): "a pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa".
Diante desses conceitos, quanto aos objetivos à pesquisa se caracteriza como sendo uma pesquisa descritiva e exploratória, uma vez que tem como objetivo a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para realização de uma pesquisa futura mais precisa, ou modificar e clarificar conceitos. Diante do estudo de caso proposto a pesquisa visa uma abordagem inédita ao relacionar indicadores de análise de capital de giro aos indicadores oficiais da economia.
As informações referentes à administração de capital de giro serão submetidas ao estudo proposto por Braga e Marques (1995). Sendo assim, a situação do capital de giro de cada uma das empresas pesquisadas será comparada ano a ano, e em paralelo, será feita a relação com o PIB nacional no mesmo período.
Nesta pesquisa foram coletados os dados referentes ao período de 2010 a 2014, uma vez que ainda nem todas as demonstrações foram localizadas para o ano de 2015 e 2016. Para categorização dos resultados experimentados foram utilizados gráficos, tendo os dados sido tabulados na planilha eletrônica, dando suporte a apresentação dos resultados do estudo.
4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante dos dados pesquisados, vê-se a importância de uma análise minuciosa dos aspectos econômicos nacionais e seu reflexo na economia de grandes organizações. Especialmente o setor metalúrgico e siderúrgico foi alvo de uma maior e melhor análise nesse trabalho. Contudo, antes de analisar individualmente cada empresa, é necessário passar em revista como o cenário econômico nacional se comportou nos últimos anos, aqueles mesmos pesquisados para as empresas citadas nas páginas anteriores deste trabalho, através dos valores do Produto Interno Bruto - PIB.
QUADRO 4 – Valores de Produto Interno Bruno entre 2010-2014.
ANO |
PRODUTO INTERNO BRUNO (R$) |
2010 |
R$ 3.886.835.000.000,00 |
2011 |
R$ 4.374.765.000.000,00 |
2012 |
R$ 4.713.095.979.500,00 |
2013 |
R$ 5.157.568.000.000,00 |
2014 |
R$ 5.521.256.000.000,00 |
Fonte: elaborado a partir de informações de Banco Central do Brasil (2015).
O PIB é, segundo o Banco Central, é o valor total dos bens e serviços finais produzidos no país durante um determinado período de tempo. Outro importante indicador da economia é o crescimento real do poder econômico nacional, esse indicador é fruto do gráfico a seguir:
GRÁFICO 1 – Crescimento Real da Economia (%)
Fonte: elaborado a partir de informações de Banco Central do Brasil (2015).
As análises sobre a realidade do Produto Interno Bruno (PIB) e do crescimento da economia serão expostas a seguir em comparação com a administração de capital de giro das empresas estudadas.
- ARCELOR MITTAL BRASIL
Primeiramente será verificada a situação da Arcelor Mittal Brasil, maior empresa do ramo em atividade hoje no Brasil. A Arcelor Mittal Brasil é também uma das maiores produtoras de aço da América Latina, com mais de 15 mil empregados e capacidade de produção superior a 11 milhões de toneladas por ano. Com unidades industriais em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Espírito Santo, oferece produtos e soluções em aço nos segmentos longos (laminados e trefilados) e planos (placas e laminados) para aplicação nas indústrias de eletrodomésticos, construção civil, agronegócio, automobilística, entre outras.
A Arcelor Mittal Brasil faz parte do grupo Arcelor Mittal e atua nas Américas Central e do Sul em sinergia com mais de 30 unidades de negócio, localizadas na Argentina, Costa Rica, Trinidad & Tobago e Venezuela, todas elas certificadas pelas normas internacionais ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS, referentes à qualidade, e meio ambiente e saúde e segurança ocupacional, respectivamente.
Os gráficos a seguir apresentam o comportamento de elementos da administração do capital de giro da referida empresa durante os anos de 2010 a 2014 em comparação com índices e indicadores oficiais da economia, no mesmo período.
GRÁFICO 2 – Capital Circulante Líquido versus Crescimento do PIB.
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
Pode-se verificar que apesar do desempenho da economia, aqui representado pelas consecutivas quedas do índice de crescimento da economia, o capital circulante líquido da empresa Arcelor Mittal Brasil apresentou melhores desempenhos nos anos de 2013, acompanhado da melhoria da economia nacional, contudo o ano de 2014 foi marcado por crescimento mesmo em cenário de início de recessão.
GRÁFICO 3 – Necessidade de Capital de Giro versus Crescimento do Empresarial Ajustado.
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
Comparando-se a necessidade de capital de giro com o crescimento da própria empresa estudada, chega-se à conclusão que apesar da necessidade de capital de giro ter aumentado entre os anos de 2012 e 2013, essa necessidade não foi acompanhada pelo crescimento empresarial, o que pode ser sintoma de uma má gestão de capital de giro. O quadro a seguir apresenta a situação da administração de capital de giro da empresa Arcelor Mittal Brasil:
QUADRO 5 – Análise da administração de capital de giro (Arcelor Mittal Brasil).
ANO |
CCL |
NCG |
ST |
SITUAÇÃO |
CRESCIMENTO DA ECONOMIA (%) |
2010 |
R$ 540.729.000,00 |
R$ 583.699.000,00 |
-R$ 42.970.000,00 |
RAZOÁVEL |
7,8% |
2011 |
R$ 104.456.000,00 |
R$ 931.945.000,00 |
-R$ 827.489.000,00 |
RAZOÁVEL |
4,0% |
2012 |
R$ 110.989.000,00 |
R$ 2.217.278.000,00 |
-R$ 2.106.289.000,00 |
RAZOÁVEL |
2,0% |
2013 |
R$ 1.136.734.000,00 |
R$ 3.519.694.000,00 |
-R$ 2.382.960.000,00 |
RAZOÁVEL |
3,5% |
2014 |
R$ 1.913.932.000,00 |
R$ 3.683.710.000,00 |
-R$ 1.769.778.000,00 |
RAZOÁVEL |
0,2% |
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
Assim, apesar de grandes variações em Capital Circulante Líquido, Necessidade de Capital de Giro e Saldo em Tesouraria, e das variações nos crescimento da economia nacional, a situação manteve-se estável no critério “Razoável” por todo o período.
- USIMINAS BRASIL
Mais do que o aço, a Usiminas oferece soluções para os maiores desafios industriais do País, no carro, no navio, na geladeira e no fogão. Sendo um dos principais complexos siderúrgicos das Américas, de acordo com os relatórios de gestão empresarial da empresa. O aço Usiminas está presente onde o conhecimento e a inovação ditam o futuro. Por isso, a empresa investe na modernização de suas unidades e em produtos de conteúdo tecnológico diferenciado, sempre em sintonia com tendências mundiais de pesquisa e aplicação.
O início da cadeia de valor da Usiminas é representado pela Mineração Usiminas, joint venture formada em 2010 a partir de uma parceria com o grupo japonês Sumitomo Corporation. Responsável pelas operações de mineração, além de transporte ferroviário e portuário, a empresa possui quatro ativos minerários na região de Serra Azul, no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.
A Mineração Usiminas possui a certificação ISO 9001, do Bureau Veritas Certification. O reconhecimento é resultado da adoção de padrões internacionais por parte da empresa, na gestão da qualidade em processos e no atendimento aos clientes.
Os gráficos a seguir apresentam o comportamento de elementos da administração do capital de giro da referida empresa durante os anos de 2010 a 2014 em comparação com índices e indicadores oficiais da economia, no mesmo período.
GRÁFICO 4 – Capital Circulante Líquido versus Crescimento do PIB.
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
Percebe-se que apesar do desempenho da economia, demonstradas pelas consecutivas quedas do índice de crescimento da economia, o capital circulante líquido da empresa Usiminas Brasil apresentou resultados melhores em seu desempenho entre os anos de 2010 e 2013, acompanhado da melhoria da economia nacional apenas entre 2012 e 2014, o ano de 2014 inclusive ficou marcado pela queda crescimento da necessidade de capital de giro da empresa refletindo a queda recente no crescimento do PIB.
GRÁFICO 5 – Necessidade de Capital de Giro versus Crescimento do Empresarial Ajustado.
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
O crescimento empresarial experimentado no período estudado nem sempre foi acompanhado pelo proporcional capital de giro necessário a essas atividades. Comparando-se a necessidade de capital de giro com o crescimento da própria empresa estudada, chega-se à conclusão que apesar da necessidade de capital de giro ter aumentado significativamente entre os anos de 2012 e 2013, essa necessidade não foi acompanhada pelo crescimento empresarial nas mesmas proporções, o que permite inferir que não se tratou de aplicações nas atividades operacionais da empresa, mas sim da recuperação de um cenário desfavorável, sinais do enfraquecimento da economia que já surtia certos efeitos.
A seguir apresenta-se a tabela de verificação de da situação da administração de capital de giro da empresa Usiminas:
QUADRO 6 – Análise da administração de capital de giro (Usiminas).
ANO |
CCL |
NCG |
ST |
SITUAÇÃO |
CRESCIMENTO DA ECONOMIA (%) |
2010 |
R$ 40.729.000,00 |
R$ 383.699.000,00 |
-R$ 342.970.000,00 |
RAZOÁVEL |
7,8% |
2011 |
R$ 504.456.000,00 |
R$ 418.945.000,00 |
R$ 85.511.000,00 |
SATISFATÓRIA |
4,0% |
2012 |
R$ 1.110.989.000,00 |
-R$ 82.722.000,00 |
R$ 1.193.711.000,00 |
EXCELENTE |
2,0% |
2013 |
R$ 2.436.734.000,00 |
R$ 1.419.694.000,00 |
R$ 1.017.040.000,00 |
SATISFATÓRIA |
3,5% |
2014 |
R$ 2.113.932.000,00 |
R$ 1.983.710.000,00 |
R$ 130.222.000,00 |
SATISFATÓRIA |
0,2% |
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
Assim, apesar de grandes variações em Capital Circulante Líquido, Necessidade de Capital de Giro e Saldo em Tesouraria, e das variações nos crescimento da economia nacional, a situação manteve-se predominância no critério “Satisfatório” por quase todo o período, especialmente em 2012, quando a situação diagnosticada foi “Excelente”.
- CSN BRASIL
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é um dos maiores grupos industriais do Brasil com atuação destacada nos setores de siderurgia, mineração, cimento, logística e energia, de acordo com o site da companhia. A companhia foi fundada em 9 de abril de 1941 e iniciou suas operações em 1º de outubro de 1946, em Volta Redonda (RJ), como uma empresa estatal. Foi a primeira produtora integrada de aços planos no Brasil, um marco no processo brasileiro de industrialização. O seu aço viabilizou a implantação das primeiras indústrias nacionais, núcleo do atual parque fabril brasileiro, conforme o relatório de gestão da empresa.
O grupo emprega mais de 22 mil pessoas nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rondônia, Piauí, Ceará e Pernambuco. Multinacional brasileira, a CSN também atua em três outros países (Estados Unidos, Alemanha e Portugal) e tem ações listadas nas Bolsas de Valores de São Paulo (Bovespa) e de Nova York (Nyse).
Os gráficos a seguir apresentam o comportamento de elementos da administração do capital de giro da referida empresa durante os anos de 2010 a 2014 em comparação com índices e indicadores oficiais da economia, no mesmo período.
GRÁFICO 6 – Capital Circulante Líquido versus Crescimento do PIB.
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
Percebe-se que apesar do desempenho da economia, demonstradas pelas consecutivas quedas do índice de crescimento do PIB, o capital circulante líquido da empresa CSN apresentou resultados melhores em seu desempenho nos anos de 2012 e 2013, inversamente a melhoria da economia nacional no mesmo período, o ano de 2014 inclusive ficou marcado pela queda da necessidade de capital de giro refletindo a queda no crescimento do PIB.
GRÁFICO 7 – Necessidade de Capital de Giro versus Crescimento do Empresarial Ajustado.
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
O crescimento empresarial ajustado verificado no período analisado nem sempre foi acompanhado pelo crescimento da necessidade de capital de giro. Contudo chama atenção o período entre os anos de 2013 e 2014, quando o grande crescimento da necessidade de capital de giro acompanhou um grande crescimento empresarial, permitindo inferir a relação entre esses dois indicadores.
Comparando-se a necessidade de capital de giro com o crescimento da própria empresa estudada, chega-se à conclusão que apesar da necessidade de capital de giro ter aumentado significativamente entre os anos de 2012 e 2013, essa necessidade não foi acompanhada pelo crescimento empresarial nas mesmas proporções, sinais do enfraquecimento da economia que já surtia certos efeitos.
A seguir apresenta-se a tabela de verificação de da situação da administração de capital de giro da empresa CSN:
QUADRO 7 – Análise da administração de capital de giro (Usiminas).
ANO |
CCL |
NCG |
ST |
SITUAÇÃO |
CRESCIMENTO DA ECONOMIA (%) |
2010 |
R$ 63.588.280,00 |
-R$ 90.020.290,00 |
R$ 153.608.570,00 |
EXCELENTE |
7,8% |
2011 |
R$ 387.019.042,00 |
-R$ 110.997.663,00 |
R$ 498.016.705,00 |
EXCELENTE |
4,0% |
2012 |
R$ 1.090.205.649,00 |
-R$ 201.110.753,00 |
R$ 1.291.316.402,00 |
EXCELENTE |
2,0% |
2013 |
R$ 960.412.926,00 |
R$ 486.889.926,00 |
R$ 473.523.000,00 |
SATISFATÓRIA |
3,5% |
2014 |
R$ 182.367.371,00 |
R$ 1.891.951.514,00 |
-R$ 1.709.584.143,00 |
RAZOÁVEL |
0,2% |
Fonte: elaborada pelo autor a partir dos dados da pesquisa (2017).
Assim, apesar de grandes variações em Capital Circulante Líquido, Necessidade de Capital de Giro e Saldo em Tesouraria, e das variações nos crescimento da economia nacional, a situação manteve-se predominância no critério “Excelente” pelos três primeiros anos do período verificado, chamando atenção para os anos seguintes quando a situação diagnosticada foi diminuindo de qualidade, acompanhando o encolhimento da economia nacional.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, primeiramente foi estabelecido uma metodologia para análise da situação da administração do capital de giro, essa metodologia é marcada pela construção de indicadores situacionais sobre a boa gestão do capital de giro. Conjuntamente com a análise proposta, foi levantada a evolução do crescimento do PIB nacional no mesmo período, com a intenção de enriquecer a análise da realidade empresarial.
Quanto a solução do problema proposto (A boa gestão sobre o capital de giro pode ser considerado um diferencial que marca as maiores empresas do ramo metalúrgico e siderúrgico do pais?) a metodologia estabelecida demonstrou que numa escala de que varia entre Excelente, Satisfatória, Razoável, Insatisfatória, Ruim e Péssima, nenhuma das empresas estudadas apresentaram o indicador de situação Insatisfatória, Ruim ou Péssima.
Ocasionalmente, as empresas estudadas situavam-se entre a situação Razoável e Satisfatória. Cabe destacar a situação da CSN, que por três anos (2011, 2012 e 2013) apresentou a situação Excelente. Esse cenário mudou a partir dos maus resultados do PIB experimentados nos últimos anos.
Assim, percebe-se que a administração do capital de giro é marcada pela eficiência nas organizações estudadas, e sendo estas as três maiores do setor de siderurgia e metalurgia, podemos inferir que a administração do capital de giro é uma marca do diferencial empresarial das grandes entidades do setor, sendo afirmativa a resposta ao problema proposto.
REFERÊNCIAS
ATKINSON, A. A.; KAPLAN, R.S.; MATSUMURA, E.M.; YOUNG, S.M. CONTABILIDADE GERENCIAL Informação para tomada de decisão e execução de estratégia. Tradução da 6ª Edição Norte Americana. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2015.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Economia Bancária e Crédito – 2015. Brasília, 2016. 125 p.
DINIZ, Josedilton Alves; MARTINS, Eliseu; MIRANDA, Gilberto José. Análise Didática das Demonstrações Contábeis. São Paulo: Atlas, 2014.
MONTOTO, Eugênio. Contabilidade Geral e Análises de Balanços. Esquematizado. 3ª Edição. Editora Saraiva. São Paulo: 2014.
GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W.; BREWER, Peter C. Contabilidade Gerencial. Tradução de Antônio Zoratto Sanvicente, 11ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. 12 reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.
LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de Balanços. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SILVA, Antonio Carlos Ribeiro. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade: Orientações de Estudos, Projetos, Artigos, Relatórios, Monografias, Dissertações, Teses. São Paulo: Atlas, 2003.